quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A CIDADE ABANDONADA

A CIDADE ABANDONADA

Escrevi.....
Caro Juliano!!!

Sou testemunha e vítima do abandono que a cidade de Porto Alegre ficou durante o feriadão de Carnaval, como você relata na matéria publicada na ZH do dia 16 – Policia + ( página 10). A cidade de Porto Alegre ficou acéfalo e entregue aos bandidos que faziam dela e dos que aqui ficaram, o que bem entendiam, sem que nós míseros cidadãos, que honramos nossos compromissos pagando os impostos, tivéssemos a quem recorrer. A propósito disso e motivado pela tua matéria, encaminhei um e-mail ao Ouvidor da Secretaria de Segurança do Estado do Rio Grande do Sul com este teor:

E-mail ao Ouvidor
A Esperança frustrada

Senhor Secretário

Quando da posse do Governador José Ivo Sartori, alimentei muita esperança ao ser nomeado um experiente secretário para comandar a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, o delegado de Polícia Federal Wantuir Francisco Brasil , confesso que no primeiro momento que poderia me orgulhar do feito, foi o momento que que tive uma grande desilusão e passei a desacreditar do discurso dos mandatários.

Abordados pelo meliante

Na segunda-feira dia 16 de fevereiro, ao retornar de Bagé as 11 horas da manhã, em uma rua calma da cidade, ao descarregar o carro fomos abordados por um meliante armado e a pé, que levou o carro sem que pudéssemos fazer alguma coisa.

Imediatamente comunicamos à polícia o roubo a mão armada, através do telefone 190. O atendente nos orientou que fossemos a uma Delegacia de Polícia fazer o BO. O que fizemos imediatamente.


A cidade entregue aos ladrões, aos sem cérebro

Qual o absurdo Senhor Ouvidor e Senhor Secretário? A cidade de Porto Alegre durante – pelo menos – os dias 16 e 17 de fevereiro, ficou sem um policial pelas ruas e o policial que atendia o 190 fazia pouco caso para o que lhe era comunicado.
Um desrespeito ao cidadão.

No dia do ocorrido, em nenhum momento, nos deparamos com um policial militar que fosse, muito menos por uma viatura da Polícia Civil ou da Brigada Militar, nas ruas pelas quais andamos.
Durante à tarde, como no carro estavam dois celulares iPhone, os quais possuem o sistema de localização pelo Buscar iPhone, localizamos que os aparelhos estavam na Rua Voluntário da Pátria. Novamente ligamos para a polícia no 190 comunicando que havíamos localizado os aparelhos fornecendo a ele o endereço. Pasme senhor Ouvidor, ele nos responde que nada pode fazer.
Muito bem.

Na “meca” do crime

Contrariando todas as recomendações da Polícia e mesmo de amigos, fui à rua Voluntário da Pátria. Como era meio de um feriadão, as lojas estavam fechando, pois a esta altura já eram 17:00, mas mesmo assim encontro um rapaz, entre tantos, vendendo aparelhos de telefone celular

Pergunto se ele tinha iPhone. Ele prontamente responde que sim e que tinha recebido dois naquela tarde às 14h00. Veja só, senhor Ouvidor, ele tinha recebido dois para ser vendido, e estava custando cada um R$ 170,00, ainda teve tempo de fazer menção a mim, que não estava ganhando quase nada, pois tinha pago R$ 130,00 por cada um deles. Uma era prata e o outro rosa.

Pedi para ver os aparelhos. Fomos até a rua Dr Flores, pois os iPhones estavam em seu apartamento, segundo o “vendedor ambulante”
Enquanto ele vai buscar os aparelhos, ligo novamente o Busca iPhone no iPad e vejo que os que ele traria, não eram os meus, pois os monitorados ainda continuavam na rua Voluntário da Pátria no mesmo endereço.

Analizo a mercadoria que seguramente também era roubada. O rapaz diz que para eu habilitar o aparelho, eu pagaria mais R$ 70,00 e me disse com quem eu faria o serviço, que cada aparelho daqueles estavam custando bem mais de R$ 1.600,00.

Ele sabia de tudo.

Prometi voltar na quarta-feira quando então poderia habilitar os aparelhos e fui embora.


Perguntas que ficam

Senhor Ouvidor. Novamente uma desilusão. Será que a Polícia:
1)            -  Não sabe que existem estes elementos no Centro da cidade praticando este tipo de comércio ilegal? Ou fazem vista grossa para inusitado?
2)            – Através do 190 o atendente não poderia ter me auxiliado e mandado junto um policial para me assessorar na busca dos meus aparelhos e talvez na localização do carro?
3)            – Por que a cidade ficou abandonada nestes 4 dias? Não entendo a justificativa que foram todos os policiais transferidos para as praias.
4)            – Somente nas praias estavam os cidadãos que pagam impostos e merecem proteção do Estado?
5)            – Por que a cidade de Porto Alegre ficou abandonada e entregue aos ladrões que nestes dois dias, que aqui fiquei (16 e 17 de fevereiro de 2015) não encontrei um policial que fosse pelas ruas?
Não sou da turma que acha que tudo está perdido, mas também não sou dos quais não estão enxergando que a segurança está cada vez pior, e desta vez a vítima foi eu, amanhã pode ser, outro e outro e outro .....

A Resposta que não veio e a resposta que veio

Até hoje não recebi resposta por parte da Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, mas do Juliano, repórter da Zero Hora sim:
Dirceo, o seu relato é impressionante. Lamentável que isso tenha ocorrido e que a Brigada Militar tenha se recusado a ajudar. Se a Ouvidoria não responder a sua mensagem, entre em contato comigo que vou procurar o ouvidor-geral. Se o Estado não tem condições de garantir a segurança das pessoas, que ao menos esclareça isso.

Abraço,
Juliano Rodrigues


OBS.: Por questões de segurança e propositalmente omiti neste texto os endereços e nomes das pessoas preservando a todos.