domingo, 21 de novembro de 2010

Os 1001 Amigos que Devemos Visitar Antes de Morrer

Certo dia quando estava em compromisso profissional, fora de minha cidade, encontro um amigo que não o a via por uns bons sete ou oito anos.


Lendo um livro, encontro uma chamada para as coisas que se deve fazer antes de morrer,

Fui a um aniversário de família e assisto um áudio visual, que me chamou muito a atenção. Também ele recomendava a rever, e/ou a manter as velhas amizades. http://www.youtube.com/watch?v=dviXmXWU-9M

Paro.

Penso.

Fico a meditar sobre esta quantidade de apelo mercadológico, mas que de uma maneira ou de outra nos leva a refletir.

Juntei estas coincidências e foi quando me dei por conta, que existem muitas coisas boas que o homem, pelo agito da vida moderna, deixa de curtir e logo, deixa que o tempo apague.

Estamos vivendo a onda das 1001 isso e 1001 aquilo que devemos fazer antes de morrer.

Na casa de um amigo, encontrei dois livros que me chamaram atenção. Um era Os 1001 Vinhos que Devemos Beber Antes de Morrer de Neil Beckett. O outro era: Quais Os 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer, de Michael L Michael

Ora, o apelo da onda das 1001 coisas que devemos fazer antes de morrer é tão marcante que chego a me perguntar se entre aos milhares de grandes vinhos disponíveis no mercado, quais realmente eu devo experimentar pelo menos uma vez na vida. Saio da parte etílica da vida e parto para a parte cultural com quais os 1001 discos que eu devo ouvir antes de morrer e também quais os 1001 livros que deveria de ler antes de morrer ou mesmo, quais os 1001 filmes que deveriam ter sido vistos por mim, ou melhor, que devo ver antes de minha morte.

Em Os 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer, 90 jornalistas e críticos de música internacionalmente reconhecidos apresentam uma rica seleção dos álbuns mais inesquecíveis de todos os tempos. Abrangendo desde as origens do rock ?n? roll nos anos 50 aos mais recentes sucessos, este livro nos guia por diferentes tendências sonoras e nos mostra o poder da música de representar as aspirações e os sentimentos de toda uma geração. Da nossa geração!

Os 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer inclui obras de mais de 30 países e revela o que há de melhor no cinema de todos os tempos. Mais de 50 críticos consagrados selecionaram 1001 filmes imperdíveis e os reuniram neste guia de referência para todos os apaixonados pela sétima arte.

Tudo isso seria muito bonito se estivermos com nossos amigos como diz Elis Regina em Uma Casa no Campo, Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais, e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais.

Melhor ainda e para encerrar, reporto-me A Lista, com letra e música de Osvaldo Montenegro, parece que foi escrita para nós que prezamos nossas amizades, tanto isso é verdade que no meu Orkut tenho uma comunidade: A Confraria da Amizade. Nela estão amigos que se reúnem justamente para beber um dos 1001 vinhos indicados no livro do Neil Beckett, escutando uma das músicas recomendadas pelos 90 jornalistas no Livro Os 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer. Entre um intervalo e outro. Um degustar do melhor vinho chileno, passando pelos argentinos, franceses, australianos etc, procuramos assistir um dos filmes que nos foi recomendado para que não deixássemos de assistir antes de morrer, e o melhor de tudo, a letra que Osvaldo Montenegro escreveu em A Lista, diz assim…..

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais…….
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar……
Onde você ainda se reconhece
Quantos amigos você jogou fora?…
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?


Não é lindo?


Pois é isso ai.


Foi esse sentimento que vivi quando encontrei aquele amigo de Recife que há sete ou oito anos não o a via mais.

Foi ai que lembrei-me de todos amigos da Confraria da Amizade e os do nosso grupo " The Crasies", uma amizade que dura há mais de 45 anos, e hoje, nós, com cabelos brancos, aqueles poucos que ainda temos, com a barriguinha saliente pelas 1001 cervejas que bebemos antes de morrer, fez-me a escrever e perguntar: porque não fizemos A Lista dos 1001 Amigos que Devemos Visitar Antes de Morrer?

Está em tempo.

 





Comentários Recebidos:


01 - Comentário por Cidio — 25 de fevereiro de 2010 (9:04)

Caro Dirceo, nada mais justo do que homenagear aquelas pessoas que queremos bem. É muito fácil sucumbirmos as críticas (que não faltam), ao ciúme ou até mesmo a inveja. É difícil passarmos sozinhos por este mar de dificuldades que todos enfrentamos no dia-a-dia. O simples fato de sabermos que existem pessoas que compartilham as nossas alegrias e sentem os nossos fracassos faz com que possamos viver melhor. É interessante porque a verdadeira amizade não vem com o tempo ou mesmo com a convivência, vem com o carinho e afeto compartilhado de maneira por motivos que nós, simples mortais não conseguimos explicar. Parabéns pelo post meu amigo.


02 - Comentário por MOTTA — 25 de fevereiro de 2010 (10:57)


QUERIDO STONA

SEMPRE AGRADEÇO A DEUS PELA NOSSA AMIZADE, EM NOVEMBRO COMPLETAREMOS 45 ANOS DE THE CRASIES.NEM IMAGINAS O QUANTO SOU FELIZ POR TE-LO COMO AMIGO, MAIS QUE ISSO, COMO IRMÃO.

PARABENS PELA CRIATIVIDADE, TE AMO.


03 - Comentário por xe machado — 25 de fevereiro de 2010 (20:34)


Parabens,sobre familia tudo é lindo.Nós os CRASIES,também somos,obrigado meu querido,Xé


04 - Comentário por Claudia — 26 de fevereiro de 2010 (20:17)


Magnifico meu irmão!

Admiro-te pela tua capacidade e competência desenvolvida nessas tuas caminhadas.

Beijão!



05 - Comentário por DUDI — 27 de fevereiro de 2010 (10:23)


Muito lindo e verdadeiro!


Tenho certeza que consto nesta lista, mesmo que o número não fosse tão alto, creio que se fosse de 1 só dígito, eu estaria nela!


Faça-se cumprir!


Beijo



06 - Comentário por Dirceo — 28 de fevereiro de 2010 (1:50)


Coisa maravilhosa esta repercussão. Adoro todos vocês e com certeza farei a todos, a todos mesmo, mais de uma visita, vocês são meus amigos, vocês são quem eu quero ter sempre perto.


Muito Obrigado pelos comentários



07 - Comentário por Konnie — 28 de fevereiro de 2010 (9:19)


Querido Dirceo,


…por essas coisas, que serás lembrado eternamente no coração destes mais de 1001 amigos…


…por essas coisas, aos poucos a gente vai descobrindo que um dos grandes prazeres de viver são as doces marcas que deixamos nas mais de 10001 lembranças uns dos outros…


Beijo

Konnie


08 - Comentário por Fabio Vassao — 1 de março de 2010 (13:23)


Olá Dirceo, excelente este seu post. Muitas vezes não damos valor as coisas mais importantes de nossa vida. Não tenho dúvidas que nossa fé, nossa família e nossas amizades deveriam estar no topo de nossas prioridades. Abraços do amigo, Fabio


09 - Comentário por Eduardo Wasum — 1 de março de 2010 (18:28)


Boa tarde, dirceo, gostei muito de poder fazer parte do seu círculo de amizades, que cresce cada vez mais, ainda me lembro da entrevista que tive contigo à quaze dois anos, lembro do seu olhar apostando em mim, aquele olhar até hoje, me faz seguir em frente, dando o meu melhor, pois quem trabalha com orgulho, sempre realiza um ótimo trabalho, obrigado por confiar em mim, pode ter certeteza de eu não vou te desepsionar, e com certeza ainda poderemos fazer muitas e muitas festas como as duas ultimas, um abrço, Eduardo Wasum Dos Santos.



10 - Comentário por Joao A Roso — 2 de março de 2010 (0:15)

Meu Prezado e querido Amigo Dirceo

Parabens pela acurada percepção da vida. Este dos 1001 vinhos eu tenho em casa, assim como tb o dos 1001 lugares para visitar antes de morrer.


Achei tua idéia maravilhosa e fico muito orgulhoso de fazer parte da tua lista.

Acredito que para ter 1001 “amigos” a pessoa tenha que ser muito iluminada, assim como tu é.


Agradeço tua amizade.

Um forte abraço e um respeitoso e amistoso beijo

do amigo

J.A.Roso








sábado, 13 de novembro de 2010

Indio Vargas - Limites da Sedução


Na quinta-feira, dia 4 de novembro, Índio Vargas, lançou seu quarto livro na Praça de Autógrafos da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Limites da Sedução, um livro escrito com alma e recordações de seu tempo de guri, recheado com passagens históricas vividas por ele durante o período do governo de Getulio Vargas.

A Feira do Livro deste ano de 2010, está apresentando livros com uma escrita mais solta fazendo com que o leitor se atenha mais atentamente nos romances inseridos neles, com pontos fortes do poder de sedução exercido pelas mulheres, o que até certo ponto, traz uma nova realidade pós era da censura.


David Coimbra com “Jô na Estrada”, em certos trechos do livro descreve com tanta desenvoltura passagens eróticas vividas pelos personagens, que chega levar a excitação o próprio  leitor, junto com os protagonistas da aventura vivida por uma jornalista de 33 anos chamada Jô.


Índio Vargas, que sempre escreveu livros voltados para a política antes da Revolução de 64, tais como “Guerra é guerra, dizia o torturador” no qual descreve sobre as experiências na prisão política vividas com a tortura da época. Depois em 1987 escreveu “Momentos perfeitos no tempo da ditadura” e em 2005 publicou outro livro que contou sobre os mistérios na Ilha do Presídio em “A Guerrilheira”. Agora nos brinda com o maravilhoso romance “Limites da Sedução”.


Índio Vargas nasceu no interior do município de São Sepé e ainda jovem veio para Porto Alegre em busca de oportunidades, onde trilha uma marcante carreira política, tendo sido eleito um dos vereadores mais votados na década de 70.


No livro “Limites da Sedução”, conta passagens vividas na infância, onde tem como palco a casa velha - como ele se refere à morada de seus pais -  onde certo dia aparece Maria, assim introduzida no romance:

                    
             Distraído, olhei para a porta; lá estava a nova empregada, que viria cuidar das
             crianças.  Sorriu e me encarou com seu olhar fugaz; detendo-se à minha frente, perguntou:
          - Posso sentar?
            Estupefato, respondi que sim. Sentou-se e passou suavemente a mão na 
            minha cabeça....

Maria revelava aptidão e vocação para o trabalho de ensinar os jovens, foi responsável pela alfabetização de várias crianças sempre motivada pelo autor do livro, que já, ai mostrava seu interesse pelo ensino, tanto é que, com o livro de alfabetizar “Queres Ler” incentivou Maria a dar aulas. Ele se torna assim, responsável pela iniciativa da Escola em Casa.


Faz referência ao Sr Moisés, telegrafista que tinha o filho Wilson o qual fazia demonstrações de leitura ao ler o Correio do Povo com relativa fluência. Ao seu Afonso Mota que criou uma escola para os filhos e permitiu que guris da redondeza a freqüentassem. Nela tinha como professor um francês muito prestigiado chamado Prof. Gerásio, homem taciturno, introspectivo e com forte tendência para a depressão.


No livro, Índio Vargas não deixa de relatar fatos pitorescos até hoje contados em São Sepé, como a queda de um avião no Alto do Posto onde dizem que o piloto era Saint Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe. Fala no Padre Mário De Luy que até hoje é lembrado em nome de Colégio e de ruas na cidade de São Sepé.

No oitavo capítulo, um fato que emociona o leitor, quando ele fala nos cachorros que tinham na fazenda e onde um deles, de pelo preto, tanto é que levou o nome de Negro. O cão que sempre dormia na porta do quarto de Maria, teve que ser sacrificado por andar comendo as ovelhas do Seu Afonso, amigo e arrendatário das terras da avó do autor. Sabendo da morte do Negro, Maria ficou inconsolável e disse que exageraram em matá-lo.

Índio Vargas um homem culto, formado em Jornalismo pela PUC-RS, Filosofia pela UFRGS e Direito, profissão que exerce atualmente junto com a de escritor, não perde a oportunidade em nos presentear com observações feitas por Franz Kafka, um dos mais influentes romancista da alemanha do século 20, autor de A Metamorfose, O Processo, O Castelo e Carta ao Pai, onde retrata a preocupação de um pesadelo impessoal e burocrático. O autor fala em Kafka, do texto “A toca” onde é descrito como se quem a fez fosse um roedor e diz:

        “Mas o melhor da minha toca é o silêncio. Posso vaguear durante horas pelas
         minhas passagens que nada ouço, a nãa ser o ruído de alguma minúscula
        
         criatura, que com alguma dentada da minha boca imediatamente me reduzo ao
         silêncio”,

No livro “Limites da Sedução” Índio Vargas aproveita para fazer referência a velhos companheiros que de certo ponto, alguns até parentes o eram, como o caso do tio Julio Vargas, grande líder político com passagens memoráveis durante sua vida, que somente sobre ele daria para escrever um livro. Julio Vargas foi líder político trabalhista de São Sepé e pai do Dr. Luiz Alberto Correa Vargas e do meu compadre Rogério Vargas, onde no livro é citado como o proprietário de campo e o único descendente de Alexandrina Vargas. Rogério reside com a esposa Verônica, naqueles campos que foram da família e é um pecuarista que vai além do pragmatismo individual, tendendo para o social e para isso o autor chama a si o episódio do MST, onde os manifestantes foram abrigados no campo do Rogério, bem ao estilo Julio Vargas. Não aparece em nenhum momento o jornalista José Luis da Cunha Porto - Portinho, isto talvez, por ser companheiro de Índio Vargas em uma outra época.

Fala na Sanga do Morcego, na Coxilha da Madeira e no Cemitério do Jacu, bem como na confluência dos três curso de água: Sanga do Poço do Bugre, Arroio dos Pintos e da própria Sanga do Morcego, nome que intrigava Maria.


O Colégio das Freiras mereceu um capítulo todo especial, onde transcreve um pequeno texto a pedido do Arq. Getulio Picada, falando nas irmãs que na época da II Guerra Mundial em 1939, Índio não sabe se elas deixaram de falar alemão por uma medida obscurantista ou sei lá porque.


Termina o livro contando que Luis Firpo Pinto foi seu professor e tendo como colega Paulo Pacheco e Nicolau Brum, tudo isso era relatado pelo autor, a Maria, através de dezenas de cartas, (que a propósito não me aprofundo mais no assunto). Paro, para deixar que o leitor busque o final da novela nas 127 páginas onde está escrito, ainda, que a tragédia do dia 24 de agosto de 1954, Palácio do Catete, Rio de Janeiro: Naquela noite e naquela manhã, tudo poderia acontecer, menos o suicídio do presidente Getulio Vargas.


Limites da Sedução - de Índio Vargas, Editora AGE, também foi um dos livros lançado na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre que a a fantasia mesclada com passagens históricas nos leva a delírios, bem como nos emociona e traz a luz da verdade fatos da política brasileira, talvez, nunca antes contada.

Parabéns Índio Vargas