Na quinta-feira, dia 4 de novembro, Índio Vargas, lançou seu quarto livro na Praça de Autógrafos da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Limites da Sedução, um livro escrito com alma e recordações de seu tempo de guri, recheado com passagens históricas vividas por ele durante o período do governo de Getulio Vargas.
A Feira do Livro deste ano de 2010, está apresentando livros com uma escrita mais solta fazendo com que o leitor se atenha mais atentamente nos romances inseridos neles, com pontos fortes do poder de sedução exercido pelas mulheres, o que até certo ponto, traz uma nova realidade pós era da censura.
David Coimbra com “Jô na Estrada”, em certos trechos do livro descreve com tanta desenvoltura passagens eróticas vividas pelos personagens, que chega levar a excitação o próprio leitor, junto com os protagonistas da aventura vivida por uma jornalista de 33 anos chamada Jô.
Índio Vargas, que sempre escreveu livros voltados para a política antes da Revolução de 64, tais como “Guerra é guerra, dizia o torturador” no qual descreve sobre as experiências na prisão política vividas com a tortura da época. Depois em 1987 escreveu “Momentos perfeitos no tempo da ditadura” e em 2005 publicou outro livro que contou sobre os mistérios na Ilha do Presídio em “A Guerrilheira”. Agora nos brinda com o maravilhoso romance “Limites da Sedução”.
Índio Vargas nasceu no interior do município de São Sepé e ainda jovem veio para Porto Alegre em busca de oportunidades, onde trilha uma marcante carreira política, tendo sido eleito um dos vereadores mais votados na década de 70.
No livro “Limites da Sedução”, conta passagens vividas na infância, onde tem como palco a casa velha - como ele se refere à morada de seus pais - onde certo dia aparece Maria, assim introduzida no romance:
Distraído, olhei para a porta; lá estava a nova empregada, que viria cuidar das
crianças. Sorriu e me encarou com seu olhar fugaz; detendo-se à minha frente, perguntou:
- Posso sentar?
Estupefato, respondi que sim. Sentou-se e passou suavemente a mão na
minha cabeça....- Posso sentar?
Estupefato, respondi que sim. Sentou-se e passou suavemente a mão na
Maria revelava aptidão e vocação para o trabalho de ensinar os jovens, foi responsável pela alfabetização de várias crianças sempre motivada pelo autor do livro, que já, ai mostrava seu interesse pelo ensino, tanto é que, com o livro de alfabetizar “Queres Ler” incentivou Maria a dar aulas. Ele se torna assim, responsável pela iniciativa da Escola em Casa.
Faz referência ao Sr Moisés, telegrafista que tinha o filho Wilson o qual fazia demonstrações de leitura ao ler o Correio do Povo com relativa fluência. Ao seu Afonso Mota que criou uma escola para os filhos e permitiu que guris da redondeza a freqüentassem. Nela tinha como professor um francês muito prestigiado chamado Prof. Gerásio, homem taciturno, introspectivo e com forte tendência para a depressão.
No livro, Índio Vargas não deixa de relatar fatos pitorescos até hoje contados em São Sepé, como a queda de um avião no Alto do Posto onde dizem que o piloto era Saint Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe. Fala no Padre Mário De Luy que até hoje é lembrado em nome de Colégio e de ruas na cidade de São Sepé.
No oitavo capítulo, um fato que emociona o leitor, quando ele fala nos cachorros que tinham na fazenda e onde um deles, de pelo preto, tanto é que levou o nome de Negro. O cão que sempre dormia na porta do quarto de Maria, teve que ser sacrificado por andar comendo as ovelhas do Seu Afonso, amigo e arrendatário das terras da avó do autor. Sabendo da morte do Negro, Maria ficou inconsolável e disse que exageraram em matá-lo.
Índio Vargas um homem culto, formado em Jornalismo pela PUC-RS, Filosofia pela UFRGS e Direito, profissão que exerce atualmente junto com a de escritor, não perde a oportunidade em nos presentear com observações feitas por Franz Kafka, um dos mais influentes romancista da alemanha do século 20, autor de A Metamorfose, O Processo, O Castelo e Carta ao Pai, onde retrata a preocupação de um pesadelo impessoal e burocrático. O autor fala em Kafka, do texto “A toca” onde é descrito como se quem a fez fosse um roedor e diz:
“Mas o melhor da minha toca é o silêncio. Posso vaguear durante horas pelas
minhas passagens que nada ouço, a nãa ser o ruído de alguma minúscula
criatura, que com alguma dentada da minha boca imediatamente me reduzo ao
silêncio”,
“Mas o melhor da minha toca é o silêncio. Posso vaguear durante horas pelas
minhas passagens que nada ouço, a nãa ser o ruído de alguma minúscula
criatura, que com alguma dentada da minha boca imediatamente me reduzo ao
silêncio”,
No livro “Limites da Sedução” Índio Vargas aproveita para fazer referência a velhos companheiros que de certo ponto, alguns até parentes o eram, como o caso do tio Julio Vargas, grande líder político com passagens memoráveis durante sua vida, que somente sobre ele daria para escrever um livro. Julio Vargas foi líder político trabalhista de São Sepé e pai do Dr. Luiz Alberto Correa Vargas e do meu compadre Rogério Vargas, onde no livro é citado como o proprietário de campo e o único descendente de Alexandrina Vargas. Rogério reside com a esposa Verônica, naqueles campos que foram da família e é um pecuarista que vai além do pragmatismo individual, tendendo para o social e para isso o autor chama a si o episódio do MST, onde os manifestantes foram abrigados no campo do Rogério, bem ao estilo Julio Vargas. Não aparece em nenhum momento o jornalista José Luis da Cunha Porto - Portinho, isto talvez, por ser companheiro de Índio Vargas em uma outra época.
Fala na Sanga do Morcego, na Coxilha da Madeira e no Cemitério do Jacu, bem como na confluência dos três curso de água: Sanga do Poço do Bugre, Arroio dos Pintos e da própria Sanga do Morcego, nome que intrigava Maria.
O Colégio das Freiras mereceu um capítulo todo especial, onde transcreve um pequeno texto a pedido do Arq. Getulio Picada, falando nas irmãs que na época da II Guerra Mundial em 1939, Índio não sabe se elas deixaram de falar alemão por uma medida obscurantista ou sei lá porque.
Termina o livro contando que Luis Firpo Pinto foi seu professor e tendo como colega Paulo Pacheco e Nicolau Brum, tudo isso era relatado pelo autor, a Maria, através de dezenas de cartas, (que a propósito não me aprofundo mais no assunto). Paro, para deixar que o leitor busque o final da novela nas 127 páginas onde está escrito, ainda, que a tragédia do dia 24 de agosto de 1954, Palácio do Catete, Rio de Janeiro: Naquela noite e naquela manhã, tudo poderia acontecer, menos o suicídio do presidente Getulio Vargas.
Limites da Sedução - de Índio Vargas, Editora AGE, também foi um dos livros lançado na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre que a a fantasia mesclada com passagens históricas nos leva a delírios, bem como nos emociona e traz a luz da verdade fatos da política brasileira, talvez, nunca antes contada.
Parabéns Índio Vargas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirGrande Índio Vargas. Tive uma breve convivência com ele. Trabalhava na área de Recursos Humanos da Caixa quando ele retornou anistiado. Na primeira vez em que estive em Brasília, foi meu cicerone: era a primeira vez que voltava a Brasília depois da perseguição política. Apesar de tudo o que passou, tem um excelente e inteligente humor. Ri muito. Nos lugares onde estivemos, o Índio se apresentava como cidadão de Cacique Doble! Obrigada a você por esta bela notícia e um grande abraço ao Índio. Vou tratar de comprar o livro para minha coleção Índio Vargas.
TododiaMaria- Transmitirei ao Indio Vargas seu precioso comentario
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