domingo, 1 de maio de 2016

O Gato Preto - "O Gothinho"

Os gatos fascinam o homem. Não sei se é este o mesmo sentimento deles, de fascínio pelo homem. Acho que não. Acho que o gato fica pensando sobre o que este povo todo está querendo!!!

A população felina aumenta dia a dia, tanto é verdade que no Brasil, a população de gatos domésticos cresce o dobro em comparação com a de cães, dizem que é por eles dependerem menos de seus donos, que eles dão menos despesas e vivem melhor em apartamentos.

Tenho muitos amigos que adotaram estes bichinhos e sofrem muito por eles. Minha mãe dá abrigo a todo gato abandonado na porta de sua casa. Minha Personal Trainer mora com dois gatos que antes nunca tinham saído do apartamento. Um amigo de infância tenta me convencer com o argumento que.  "Gato é um ser completamente fiel. Ter gato, conviver com gatos é tudo de bom", diz ele.

Mas o gato dele sumiu. Tudo passou pela cabeça dele . Poderia ter sido aquele troglodita que um dia passeava na calçada com o cachorro, cachorão com cara de mau, com cara de pitbull, igual a do dono, cachorro solto sem guia, e que ferozmente quis pegar "O Gothinho" – Sim "O Gothinho" assim mesmo, com th, que é o nome do gato preto, em homenagem a um outro gato que viveu anos com ele e se chamava “a Gotinha” – Este é meu amigo, que guarda no peito uma dor enorme, uma dor impagável, por travessuras de guri, feitas aos gatos durante sua infância. Não fora por maldade como os jovens de Pelotas fizeram, ao amarrar um cachorro ao carro e percorreram as ruas da cidade esquartejando o pobre cão. Não!!! Meu amigo não foi tão mau assim, mas fez arte de guri. Fez arte de guri arteiro como ele sempre foi. Fez arte como um “The Crazy" , mas não tão pesada como a de colocar uma bombinha amarrada no rabo do gato para ver ele correr. Não, meu amigo não foi tão mau assim.

Meu amigo nunca brincou de médico, abrindo a barriguinha dos gatos para depois fechar. Isso não.

Mas meu amigo não aguentava ouvir o gozo dos gatos na calada da noite. Falando nisso, quem nunca no silêncio da noite escutou o namoro dos gatos, em um gozo que se confunde a um prazer, a um frenesi ou a um lamento?

É, mas os gatos encantam a muitos, como diz o famoso Psicoterapeuta Claudio Pfeil, que já comentei sobre ele, comentei sobre seu livro “Diário de um Analisando em Paris onde ele escreve que “Os gatos sempre nos fascinaram e continuam a nos fascinar porque não estão numa relação de demanda, de espera em relação ao seu dono”. Continua Claudio Pfeil. “Eles são domésticos, mas não se deixam domesticar. Desde sempre são a imagem da independência, da liberdade, do gozo...”

E foi isso que aconteceu com "o Gothinho", a imagem da independência, da liberdade, do gozo sem poder gozar por ter sido castrado, da rua. Lá se foi "o Gothinho". Ele sumiu.

Cartazes pelas ruas propondo polpudas gorjetas, gorjetas em dólar, a que encontrasse o gato preto.

Chamadas no facebook, foto do gato nos postes, tudo foi feito sem sucesso. O gato preto sumiu.

Quando já sem esperança de encontra-lo. Quatro meses tinham se passado, eis que bate na porta de sua casa um senhor, senhor alto, cabelos calvos. Jeito de responsável. Homem bem trajado e com um gato preto no colo:

- Senhor, eu vim lhe devolver o gato e, por favor, me deixe contar como foi.

Meu amigo sorria e só imaginava a hora que faria surpresa a sua esposa. Imaginava o sorriso, o choro e a alegria dela quando ouvisse ele dizer “Amor!!! o Gotinho voltou”, mas se conteve e pediu para que o homem, com postura de um lord inglês, contasse a história que começa assim:

- Certa noite, eu e minha esposa jantávamos nesta Pizzaria ao lado de sua casa, quando avistamos no bueiro da rua, dois olhinhos brilhantes e curiosos nos fitando, com olhos de pedinte.

Era do gatinho preto.

Minha esposa, que tem em casa outros quatro gatos, insistia comigo para levarmos ele também, pois onde come quatro come cinco.

Eu disse que não. Disse que o gato deveria ter dono. Mas ela insistiu, e o senhor sabe com é uma mulher insistindo no ouvido do homem a noite toda. Terminei cedendo e como o gato ficou nos olhando até o final do jantar. Na saída levamos o gato.

Eu queria dar a ele o nome de “Dark”. Uma, por ser ele escuro e outra, em homenagem a música de Katy Perry – Dark Horse, que eu gosto muito, mas ele não era nosso cavalo, ele era o nosso “Dark Cat”. Foi quando minha esposa, como sempre, muito mandona, disse que não, disse que o nome seria Dart e não Dark. Dart, coisa de mulher, ela sempre foi fã do bandido todo de preto da famosa série "Guerra nas Estrelas", de Jorgo Lucas, e assim em homenagem a Dart Vaider, ficou Dart

Todas as vacinas foram feitas, - disse o homem - até o dia em que resolvi trazer nesta Pet, também ao lado de sua casa, para castrar “o Dart”. (maldita hora para mim e bendita hora para o senhor). Foi quando a veterinária disse que o gato já era castrado e um dia pertenceu ao senhor e por ter pertencido ao senhor, estou aqui, com o coração partido lhe devolvendo o gato que um dia foi seu. Pois sei o quanto vocês devem ter sofrido, pois assim, como o gato foi castrado, a perda dele para vocês, deve ter sido também uma forma de castração de sentimentos e a castração, meu amigo, é o bilhete de entrada do neurótico no mundo. Isto está escrito no livro – Diário de um Analisado.

Anotado em Paris 8 :
"A castração é o bilhete de entrada do neurótico no mundo.
O psicótico é aquele que se recusou a comprar o bilhete,
não quis pagar o preço da castração"

Meu amigo sorrio. E “o Gotihnho” voltou para sempre.




Nota da Internet
Gatos
Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios possuem pelo menos um, o equivalente a 11,5 milhões de unidades domiciliares. Os piauienses são os maiores amantes dos gatos, já que há pelo menos um em 34,2% dos seus domicílios. O Distrito Federal, com 6,9%%, é a unidade da federação em que menos lares têm gatos.

A população de gatos em domicílios brasileiros foi estimada em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 gatos por domicílio que tem esse animal.