No Dia dos Pais, em Dois Mil e Onze, resolvi ter uma conversa imaginaria com nosso pai. Meu, da Maria Helena, do João Dilmar, da Rosane, da Vera e da Claudia. Naquele ano, tínhamos menos experiência que temos hoje. O mundo era outro bem diferente. Minha conversa inventada para ter com ele foi bem coloquial, e se caso, hoje, fossemos fazer uma comparação entre os anos 20, quando ele nasceu, falaríamos sobre guerra, ditaduras, crises. Mas afinal sobre qual década 20 estamos falando se uma se parece com a outra? Paro e volto a misturar trechos de quando ele faria 90 anos e hoje, quando estaria fazendo 100 anos. Cem anos é sempre um aniversário mágico e marcante, idade que todas as pessoas pensam um dia alcançar e não foi diferente com ele, que também sempre dizia que chegaria comemorar seu centenário. Não conseguiu.
Naquele ano dois mil, muitos dos amigos dele ainda perguntavam pelo Fiorello, hoje, eles também não existem mais. Naquela época eu tinha sessenta anos, hoje temos todos dez anos a mais e nos levantamos com uma vontade imensa em dar um abraço nele e dizer que o churrasco seria feito por nós. Hoje todos estaríamos presentes, até mesmo aqueles que ele não conheceu. Cantaríamos os parabéns e ele apagaria as cem velinhas que a Hilda colocaria sobre o bolo mais bonito já feito por ela. Hoje São Sepé estaria em Festa na casa dos Stonas.
Filhos iriam para a terra que ele escolheu para morrer. Netos por ordem de idade, Alexandre, Hygor, Priscila, Deborah, Fernando, Juliana, Fabrício, Filipe, Laura e Bruno fariam o coro e apresentariam uma coreografia especial, onde cada um diria onde estão e o que estão fazendo. O cordão da apresentação seria puxado pelo mais novo da família, o bisneto Gregório.
Quando ele faria 90 anos eu disse que ele era de uma época que fumar era bonito, um símbolo do galã, do homem bonito. Hoje os dias são outros. Fumar é feio, mas tem outras coisas que os dias de hoje consideram bonitas, mas que com certeza ele não se adaptaria a ela. Isto foi um paciente do meu amigo Dr. Quintanilha que disse pela insistência na recomendação para que o paciente parasse de fumar. Fiorello fumou a vida toda, como disse no início, era um outro conceito de vida.
Lembro que naquela época falei que os cientistas diziam que já tinha nascido a pessoa que viveria os 150 anos. Pois é, tudo está se confirmando, todos os dias lemos nos jornais, famílias comemorando o aniversário daqueles que ultrapassaram a faixa dos 100 anos, mesmo estando o mundo passando por uma pandemia onde já alcançou a marca de 921.000 mortes ao total no mundo, no Brasil, mais de 132.000 brasileiros mortos. Esta pandemia foi a responsável pelo cancelamento do III Encontro dos Stonas que teria sido no Mato Grosso, onde mora a irmã Santa Filipetto, hoje com 86 anos, casada com o Romeu Filipetto. Não tem problema, faremos no ano que vem e lembraremos a todos.
Lembrar do Fiorello, hoje quando estaria fazendo 100 anos é lembrar de muitas
Minha infância em particular, foi de um guri de calças curtas feitas por ele com todo o carinho. É lembrar da adolescência vivida em Jaguari, onde tive a primeira queda de bicicleta de duas rodas que ganhei. Queda que serviu para que eu aprendesse que durante a vida teria tantas outras quedas bem maiores, mas que sabiamente ele ensinava a suportar, e delas levantar.
Fiorello nunca desistiu em ensinar o bem para os filhos. Insistiu com a prática do amor ao próximo, com energia, através de exemplos. Nosso pai, nos presenteou com a virtude do equilíbrio, com a construção da Paz. Foi o esteio moral da família, um homem sempre temente e respeitador ao Deus que ele acreditou a vida toda. Cultivou bons costumes, os quais todos procuramos seguir com honradez, e passamos aos nossos filhos, como um ensinamento cultivado pela família.
Hoje o cemitério ficou mais bonito. Todo florido e decorado com aptidão, uma
Parabéns Fiorello Stona, tua esposa, filhos, genros e noras, netos e bisnetos.
São Sepé 13 de setembro 2020.
Um grande abraço,
aquele que gostaríamos ter dado logo pela manhã.