Bateu o pavor no Prédio 1155. Todos se olham ao entrarem nos elevadores.
Por traz das cortinas dos quartos e das salas, a gente nota que têm olhos cumpridos mirando a grande piscina.
Algo de estranho está acontecendo no Prédio 1155. Que será? O que serão aqueles elementos desconhecidos na piscina do Prédio 1155?
- Que nojo.
Dizem alguns.
Outros querem saber quem é o relaxado e se ele é um dos quinhentos e tantos moradores ou, quem sabe, seja alguma “alma penada” de outro mundo, que no cair da noite e no apagar das luzes está deixando sutilmente, na piscina do Prédio 1155, grandes e nojentos cagalhões.
Dizem alguns.
Outros querem saber quem é o relaxado e se ele é um dos quinhentos e tantos moradores ou, quem sabe, seja alguma “alma penada” de outro mundo, que no cair da noite e no apagar das luzes está deixando sutilmente, na piscina do Prédio 1155, grandes e nojentos cagalhões.
O grupo de WhatsApp formado pelos moradores está agitado. Uns querem porque querem pegar o autor do ato. Outros querem de imediato instalar câmaras para filmar a área de banho de sol em volta da piscina e descobrir quem é o autor das grandes cagadas, literalmente, na piscina do Prédio 1155.
As reuniões continuam acontecendo. Alguns querem mandar os dejetos do bolo fecal que foram encontrados, para o Instituto Médico Legal com a finalidade de ser analisado e saber se é defecada de seres humanos ou de animais.
Outros se perguntam:
- Como que estas coisas estão aparecendo, como se nada fosse?
- Quem é o elemento e qual a mensagem que ele está querendo passar?
Isto é o que todos querem saber.
Uma Assembleia dos Condôminos será convocada em regime extraordinário para saber se algum morador cometeu bullyng a outro.
Será que houve algum empregado demitido? – alguns se perguntam – e este demitido está mandando uma mensagem cocozada ao seu antigo patrão? Sim, isso pode estar acontecendo, pois na Cervejaria Backer de Belo Horizonte, que hoje mobiliza centenas de polícias nas investigações, estendeu-se aos funcionários demitidos anteriormente pela fábrica. Por que no Prédio 1155 seria diferente?
Existem vários tipos de cagadas, mas segundo consta na literatura, para se obter uma boa produção de bosta, é recomendado uma alimentação à base de feijão e ou batata doce.
Comenta-se nos corredores que tem gente analisando os dejetos encontrados na piscina do Prédio 1155. Foi concluído sim, que o elemento cagão tem se alimentado mesmo é de feijão e de milho verde, identificado nas análises. Existe até um “buquemeque” para apostarem e adivinharem qual será a próxima composição.
Hoje não se encontra mais grandes cagadas nas ruas, disse um dos mais politizados moradores, levando o assunto para o lado da política para assim justificar que os grandes cagões estão em extinção e cagalhões que antes ficavam expostos nas ruas, hoje desaparecem sempre que é dada descarga no banheiro, em compensação, diz ele:
- Estão sendo produzidos em grande escala na área política, ou seja, toda a vez que algum político resolve fazer alguma coisa, é certo que nascerá mais uma cagada. Complementou o morador que é funcionário público e está com seu salário atrasado.
A psicóloga que mora no oitavo andar está se propondo em levar o caso para ser discutido na faculdade, já que não encontrou em nenhum dos livros de Freud. No momento ela está lendo o Volume 7 da coleção das Obras Completas (1905) “O Chiste e Sua Relação Com o Inconsciente”. Livro preferido de seu professor Rafael.
Segundo a moradora, Freud nada fala deste estranho comportamento demonstrado pelo cagão, pensa ela que é mais daqueles extintos, o extinto anal onde o paciente ao lembrar da infância reprimida onde era obrigado pela mãe a reter involuntariamente suas cagadas, hoje faz e deixa exposta as merdas em lugares públicos para que sua mãe, que não mais existe, saiba que ele foi humilhado, retrocedendo em seu inconsciente ao período da infância.
Segundo a moradora, Freud nada fala deste estranho comportamento demonstrado pelo cagão, pensa ela que é mais daqueles extintos, o extinto anal onde o paciente ao lembrar da infância reprimida onde era obrigado pela mãe a reter involuntariamente suas cagadas, hoje faz e deixa exposta as merdas em lugares públicos para que sua mãe, que não mais existe, saiba que ele foi humilhado, retrocedendo em seu inconsciente ao período da infância.
O morador do apartamento 404 que tem a janela da sala bem enfrente a grande piscina, um dos mais exaltados da assembleia, levanta-se com sua voz de tenor assim como a de Vicente Celestino, pergunta:
- Por um acaso nenhum dos presentes tem em casa uma Câmera Gopro para deixar filmando dia e noite até que se fraga o elemento que vem fazendo esse tipo de sujeira?
Complementa ele:
- Não importa se é ou não por problemas com a mãe ou com o pai, mas não seria ele que ia pagar por este “bosta” não ter levado umas boas surras quando pirralho.
Continua com sua fala eloquente:
- Que tivesse se cagado quando pequeno, não agora na nossa piscina.
A vizinha, que também presenciou os dejetos fétidos, aliás justamente a que fotografou para colocar no grupo de WhatsApp, fez uma proposta:
- Vamos colocar câmaras em mais locais. Nas piscinas. Nos Salões de festa. No quiosque e por onde este nojento, sem a mínima compostura possa novamente vir deixar suas cagadas para nos agredir.
A proposta foi aprovada por unanimidade, já que na assembleia estavam presentes só moradores que frequentam a piscina e ficam de rodinha, tricotando a vida dos outros.
Aos poucos, mesmo os mais desatentos, os mais conservadores, mesmo os novos ricos, deslumbrados com sua escalada social, vão perceber que o luxo agora é outro. O novo luxo é ter saúde. Liberdade. Tempo. Ter espaço nesse planeta atulhado, ter animais livres, e outras coisas mais.
Além dos moradores do Prédio 1155, que querem monitorar a piscina para descobrir quem é o cagão que os afronta, também o Ministério da Justiça quer agora monitorar o esgoto dos brasileiros para radiografar o consumo de drogas no País. Essa é a proposta do projeto Cloacina, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, de Sérgio Moro. Um acordo está sendo fechado com a Universidade de Brasília (UnB) para a pesquisa, no valor de R$ 10 milhões. O projeto começará nas cinco cidades do programa Em Frente, Brasil: Ananindeua (PA), Cariacica (ES), Goiânia (GO), Paulista (PE) e São José dos Pinhais (PR).
Vamos ver como termina essa novela no Prédio 1155. Como serão os próximos capítulos e que não termine como terminam os livros de Jô Soares, pois todos conhecemos o “Big Brother Brasil” que por seu conteúdo, quer por sua polemica ou por seu conteúdo, é um programa que mexe com muitos brasileiros e faz escola, todos querem dar uma espiadinha na vida dos outros e saber do que está acontecendo a sua volta, no Prédio 1155 não é diferente, todos querem saber quem é o cagão.