A CIDADE ABANDONADA
Escrevi.....
Caro Juliano!!!
Sou testemunha e vítima do abandono que a cidade de Porto
Alegre ficou durante o feriadão de Carnaval, como você relata na matéria
publicada na ZH do dia 16 – Policia + ( página 10). A cidade de Porto Alegre
ficou acéfalo e entregue aos bandidos que faziam dela e dos que aqui ficaram, o
que bem entendiam, sem que nós míseros cidadãos, que honramos nossos
compromissos pagando os impostos, tivéssemos a quem recorrer. A propósito disso
e motivado pela tua matéria, encaminhei um e-mail ao Ouvidor da Secretaria de
Segurança do Estado do Rio Grande do Sul com este teor:
E-mail ao Ouvidor
A Esperança frustrada
Senhor Secretário
Quando da posse do Governador José Ivo Sartori, alimentei muita
esperança ao ser nomeado um experiente secretário para comandar a Secretaria de
Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, o delegado de Polícia Federal
Wantuir Francisco Brasil , confesso que no primeiro momento que poderia me
orgulhar do feito, foi o momento que que tive uma grande desilusão e passei a
desacreditar do discurso dos mandatários.
Abordados pelo meliante
Na segunda-feira dia 16 de fevereiro, ao retornar de Bagé as
11 horas da manhã, em uma rua calma da cidade, ao descarregar o carro fomos
abordados por um meliante armado e a pé, que levou o carro sem que pudéssemos
fazer alguma coisa.
Imediatamente comunicamos à polícia o roubo a mão armada,
através do telefone 190. O atendente nos orientou que fossemos a uma Delegacia
de Polícia fazer o BO. O que fizemos imediatamente.
A cidade entregue aos ladrões, aos sem cérebro
Qual o absurdo Senhor Ouvidor e Senhor Secretário? A cidade
de Porto Alegre durante – pelo menos – os dias 16 e 17 de fevereiro, ficou sem
um policial pelas ruas e o policial que atendia o 190 fazia pouco caso para o
que lhe era comunicado.
Um desrespeito ao cidadão.
No dia do ocorrido, em nenhum momento, nos deparamos com um
policial militar que fosse, muito menos por uma viatura da Polícia Civil ou da
Brigada Militar, nas ruas pelas quais andamos.
Durante à tarde, como no carro estavam dois celulares
iPhone, os quais possuem o sistema de localização pelo Buscar iPhone,
localizamos que os aparelhos estavam na Rua Voluntário da Pátria. Novamente
ligamos para a polícia no 190 comunicando que havíamos localizado os aparelhos
fornecendo a ele o endereço. Pasme senhor Ouvidor, ele nos responde que nada
pode fazer.
Muito bem.
Na “meca” do crime
Contrariando todas as recomendações da Polícia e mesmo de
amigos, fui à rua Voluntário da Pátria. Como era meio de um feriadão, as lojas
estavam fechando, pois a esta altura já eram 17:00, mas mesmo assim encontro um
rapaz, entre tantos, vendendo aparelhos de telefone celular
Pergunto se ele tinha iPhone. Ele prontamente responde que
sim e que tinha recebido dois naquela tarde às 14h00. Veja só, senhor Ouvidor,
ele tinha recebido dois para ser vendido, e estava custando cada um R$ 170,00,
ainda teve tempo de fazer menção a mim, que não estava ganhando quase nada,
pois tinha pago R$ 130,00 por cada um deles. Uma era prata e o outro rosa.
Pedi para ver os aparelhos. Fomos até a rua Dr Flores, pois
os iPhones estavam em seu apartamento, segundo o “vendedor ambulante”
Enquanto ele vai buscar os aparelhos, ligo novamente o Busca
iPhone no iPad e vejo que os que ele traria, não eram os meus, pois os
monitorados ainda continuavam na rua Voluntário da Pátria no mesmo endereço.
Analizo a mercadoria que seguramente também era roubada. O
rapaz diz que para eu habilitar o aparelho, eu pagaria mais R$ 70,00 e me disse
com quem eu faria o serviço, que cada aparelho daqueles estavam custando bem
mais de R$ 1.600,00.
Ele sabia de tudo.
Prometi voltar na quarta-feira quando então poderia
habilitar os aparelhos e fui embora.
Perguntas que ficam
Senhor Ouvidor. Novamente uma desilusão. Será que a Polícia:
1) - Não sabe que existem estes elementos no
Centro da cidade praticando este tipo de comércio ilegal? Ou fazem vista grossa
para inusitado?
2) – Através
do 190 o atendente não poderia ter me auxiliado e mandado junto um policial
para me assessorar na busca dos meus aparelhos e talvez na localização do
carro?
3) – Por que
a cidade ficou abandonada nestes 4 dias? Não entendo a justificativa que foram
todos os policiais transferidos para as praias.
4) – Somente
nas praias estavam os cidadãos que pagam impostos e merecem proteção do Estado?
5) – Por que
a cidade de Porto Alegre ficou abandonada e entregue aos ladrões que nestes
dois dias, que aqui fiquei (16 e 17 de fevereiro de 2015) não encontrei um policial
que fosse pelas ruas?
Não sou da turma que acha que tudo está perdido, mas também
não sou dos quais não estão enxergando que a segurança está cada vez pior, e
desta vez a vítima foi eu, amanhã pode ser, outro e outro e outro .....
A Resposta que não veio e a resposta que veio
Até hoje não recebi resposta por parte da Ouvidoria da
Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, mas do Juliano,
repórter da Zero Hora sim:
Dirceo, o seu relato é impressionante. Lamentável que isso
tenha ocorrido e que a Brigada Militar tenha se recusado a ajudar. Se a
Ouvidoria não responder a sua mensagem, entre em contato comigo que vou
procurar o ouvidor-geral. Se o Estado não tem condições de garantir a segurança
das pessoas, que ao menos esclareça isso.
Abraço,
Juliano Rodrigues
OBS.: Por questões de segurança e propositalmente omiti
neste texto os endereços e nomes das pessoas preservando a todos.